A irritação é um dos males do mundo moderno. Todos os dias
vemos muitas pessoas irritadas. Basta sairmos no trânsito que veremos motoristas
irritados. Vemos também em nosso trabalho, em nossos lares, e na maioria das
vezes essa irritação provém de situações simples, corriqueiras e sem muita
importância.
A irritação virou um estado normal de ser. É normal ouvirmos
a expressão “essa pessoa me irrita”, esse lugar é “irritante”, etc. Pois de
fato, habituamo-nos à irritação. Mas porque será?
A irritação advém da absorção de modelos mentais de certo e
errado, bom e ruim. Desde a infância somos levados a absorver modelos mentais
de como as pessoas devem se comportar. Absorvermos esses modelos de nossos
pais, de nossos amigos, nas escolas e trazemos isso em nossa alma também.
Esse modelo alimenta o sistema reativo de nossa psique, que
nos conduz a esperar determinados comportamentos do ambiente e das pessoas. E
quando as coisas saem desse modelo pré-formatado que guardamos, que não
respeitam o modelo que absorvemos, irritamo-nos.
A irritação é uma defesa do ego quanto ao medo do diferente,
do fora daquilo que esperamos. A irritabilidade é uma reação comum. Irritamo-nos
com as pessoas, com os ambientes, até com aqueles que amamos. E tudo isso
simplesmente porque não nutrimos um modelo de aceitação em nosso interior, porque
desaprendemos a andar no fluxo, reagindo com suavidade, persistência e paciência.
Mas não nos atentamos que não são as pessoas ou lugares que
nos irritam. Somos nós que trazemos essa irritação em nosso interior.
Simplesmente nos irritamos porque não temos a consciência de abdicar de nossos
valores, de aceitar as diferenças. É uma defesa do ego que nos impinge a manter
o controle e a ordem diante daquilo que pensamos ser correto.
Mas é um comportamento que precisa ser abandonado para que
possamos conquistar nosso bem-estar. Mesmo porque, a irritação causa estresse e
junto traz males do corpo físico, como a diabetes, cólica renal e a pressão
arterial descontrolada.
A irritação funciona como uma pequena dose de veneno que
diariamente vamos jogando em nosso corpo através de nossos pensamentos. E
fazemos isso simplesmente porque não aceitamos viver fora dos padrões que
achamos correto. Se vemos algo ou alguém agindo
fora daquilo que concebemos como ideal, irritamo-nos.
E podemos pensar que basta abandonar o ambiente ou a
situação que a irritação nos deixará. Mas eu digo que não é tão simples, porque a
irritação não está relacionada ao ambiente ou às pessoas, mas aos valores que
nutrimos e não somos capazes de abandonar. Não somos capazes de nos livrar e
nos desidentificar das formas de pensamento que nos vinculamos e, portanto, ainda que possamos sair de perto daquilo que nos irrita esse sentimentos nos acompanhará.
Para acabarmos com nossa irritação, então, precisamos começar
a liberar nossos valores, a abandonar nossos julgamentos, a deixar de querer
controlar a tudo e todos e impor aquilo que pensamos como correto às pessoas e
ambientes. É nos vigiar para nutrirmos aceitação, paciência e resignação.
Ao invés de atirarmos flechas raivosas daquilo que nos traz
desconforto, basta buscarmos em nosso interior aquilo que está diante de nossos
olhos e não aceitamos. Então nutrimos essa aceitação, modificando nosso padrão
interior. Eis a melhor forma de combater nossa própria irritação, criar
aceitação interior para que tudo se vá com suavidade. Eis também uma excelente
maneira de resguardarmos nossa saúde física e espiritual.
Thiago Strapasson – 05/01/2018
Fonte: coracaoavatar.blog.br
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